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Stephanes diz que bancos s? d?o guarda-chuva quando faz sol
Em um primeiro momento, a franqueza assusta os desavisados. Reinhold Stephanes n?o poupa os bancos privados por restringir o cr?dito aos agricultores e admite que o governo errou no imbr?glio com a Uni?o Europ?ia que restringiu as exporta??es de carne brasileira.

? N?s n?o est?vamos agindo com seriedade ? reconhece o ministro da Agricultura.

Em meio ao cen?rio de incertezas da economia mundial, Stephanes fez um balan?o das perspectivas e desafios do agroneg?cio para 2009. A entrevista exclusiva ao Canal Rural durou 45 minutos. Foi realizada um dia depois de o ministro ter oferecido um jantar a jornalistas em Bras?lia, onde o prato principal era peixe de ?gua doce. Stephanes ? um pescador nato. Com a mesma paci?ncia que fisga o pescado, o ministro falou sobre financiamento agr?cola, venda da safra e o novo c?digo florestal. A seguir, uma s?ntese da entrevista.

Ag?ncia RBS ? Em 2008, o Banco do Brasil fechou 1,5 milh?o de contratos com produtores rurais, dos quais 935 mil para renegociar d?vidas. Isso prejudica o crescimento do agroneg?cio? ? preciso fazer uma revis?o do cr?dito rural?

Reinhold Stephanes ? O endividamento surge em momentos de grande crise ou por raz?es clim?ticas. Como n?o h? um seguro agr?cola que cubra as necessidades, o governo prorroga os financiamentos e concede novos cr?ditos. Evidente que o produtor n?o ter? condi??es de pagar. ? um modelo que est? se esgotando. Essa ?ltima renegocia??o foi muito boa, mas numa perspectiva de crescimento da agricultura. S? que, quando terminou a reestrutura??o da d?vida, surgiu uma crise mundial. Ent?o, essa renegocia??o acabar? n?o atingindo suas finalidades. Uma nova reestrutura??o nos moldes atuais ser? muito dif?cil. O Banco do Brasil e o Minist?rio da Fazenda j? entenderam isso e agora temos de achar uma solu??o.

Ag?ncia RBS ? O financiamento do setor ? insuficiente? O que esperar em 2009?

Stephanes ? Muita coisa tem de ser feita, mas ? dif?cil imaginar que voc? v? alterar os rumos da pol?tica agr?cola em um momento de crise. Os bancos privados tamb?m restringiram o cr?dito porque pensaram ?vou emprestar dinheiro para quem vai produzir milho ou algod?o sem saber qual vai ser o mercado e o pre?o l? na frente, ent?o n?o vou emprestar?. O banco tem avers?o a risco, s? te d? o guarda-chuva quando tem sol, quando a coisa est? bonita, quando est? tudo bem. Se estiver chovendo, ele tira o guarda-chuva. Claro que o Banco do Brasil entrou com mais recursos, mas de qualquer forma tivemos problemas de cr?dito. A nossa grande preocupa??o agora ? a colheita e depois a venda. Dependendo do sucesso da comercializa??o ? que ele vai plantar a pr?xima safra. ? a? que o governo precisa ser muito ?gil.

Ag?ncia RBS ? A crise j? afetou as exporta??es, com uma retra??o nos ?ltimos meses. H? previs?o de um saldo positivo?

Stephanes ? O grande saldo da balan?a comercial do Brasil ? feito pela agricultura. O governo entende que ela ? fundamental e o desempenho esse ano ainda ser? bom. N?s estamos trabalhando para abrir mercados, mas j? sabemos que alguns pa?ses diminuir?o a importa??o dos nossos produtos. ? dif?cil prever o que vai acontecer dentro de seis meses no mercado mundial. O governo vai trabalhar para financiar a manuten??o dos estoques. Temos de achar instrumentos que evitem press?o para deprimir o pre?o.

Ag?ncia RBS ? As calamidades enfrentadas este ano podem afetar a produ??o de gr?os?

Stephanes ? Prevemos uma quebra de 2% a 3% em rela??o ? safra do ano. Nas pr?ximas previs?es, podemos ter uma quebra de at? 5% ou talvez at? um pouco mais, o que n?o ? muito considerando que, no ano anterior, n?s crescemos 9% j? sobre uma safra boa. Essa baixa seria um ajuste em fun??o da crise. No ano passado, tivemos um clima muito bom e um crescimento excepcional. Este ano, as previs?es de clima para os pr?ximos tr?s meses, que s?o fundamentais para a nossa produ??o, s?o consideradas normais em quase todo o Brasil, com exce??o do Rio Grande do Sul e de parte de Santa Catarina. Isso poder? influir a nossa estimativa.

Ag?ncia RBS ? No in?cio do ano, tivemos as restri??es da Uni?o Europ?ia ? carne. Que li??es foram tiradas? N?s ainda precisamos investir forte em sanidade animal e vegetal?

Stephanes ? Para estruturar a agricultura, voc? come?a com pesquisa, e o segundo ponto j? ? a defesa sanit?ria vegetal e animal. Ela ? fundamental para a quest?o de mercados e de sa?de propriamente dita. A li??o que a Uni?o Europ?ia nos deu ? que precisamos agir com seriedade, e n?s n?o est?vamos agindo com seriedade. Hav?amos feito um acordo com a Uni?o Europ?ia, n?o vou entrar no m?rito se o acordo era bom ou ruim, correto ou n?o, mas n?s n?o cumpr?amos o acordo e pior, n?s fraud?vamos parte do acordo. N?o ? assim que se age em um relacionamento. Acab?vamos dando argumentos para aqueles que queriam nos atacar sob o ponto de vista de outros interesses comerciais.

Ag?ncia RBS ? Como o minist?rio reagiu?

Stephanes ? Adotei uma estrat?gia inicial de reconhecer que erramos. Fui muito criticado por isso, mas, imediatamente ao reconhecimento, eles observaram que havia seriedade e reabriram o mercado. Dentro de pouco tempo, n?s estaremos com o mercado praticamente normalizado. Ainda temos muito a fazer em termos de rastreabilidade, mas acho que j? avan?amos bastante e sempre nessa linha, mostrando seriedade.

Ag?ncia RBS ? O senhor disse que primeiro ? preciso aprovar o novo c?digo florestal para depois discutir mudan?as na legisla??o. De que forma o decreto 6514, assinado pelo presidente Lula, pode prejudicar os produtores?

Stephanes ? Fomos construindo uma legisla??o ambiental nos ?ltimos 30 ou 40 anos. Nem sempre isso foi feito dentro da t?cnica ou de um processo de racionalidade. Muitas vezes, aconteceu por raz?es emocionais, pol?ticas ou ideol?gicas. A? surgiu um decreto grande, com 150 artigos. Para se aplicar o decreto da forma como ele estava, tr?s milh?es de pequenas e m?dias propriedades estariam incursas em algum artigo, fazendo algo errado. O nosso agricultor n?o conhece as leis. Quem est? plantando uva nas encostas e em topo de morro no Rio Grande do Sul, que ? uma atividade de mais de 50 anos, estaria irregular. Quem est? plantando arroz em v?rzea, que ? onde se planta arroz no Brasil, estaria irregular.

Ag?ncia RBS ? Como o governo resolveu essas quest?es?

Stephanes ? Surgiram situa??es de muita dificuldade. Mas isso foi logo compreendido. O c?digo florestal n?o se adapta ?s necessidades, nem resolve o problema da produ??o e do ambiente. Ele ter? de ser corrigido, com condi??es t?cnicas para proteger e produzir. O decreto ter sido alterado ? positivo, mas ele apenas joga o problema para frente. Se, ao longo deste ano, n?o houver uma discuss?o mais profunda, o problema vai voltar a partir de 2010.

Ag?ncia RBS ? Esse foi um bom ano para a agricultura? Quais as perspectivas para 2009?

Stephanes ? O ano foi muito bom. S? n?o sei como ser? o pr?ximo. Nossa expectativa ? muita grande em saber como estar? o mundo dentro de seis meses.




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