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As fontes de crescimento da agricultura
O Minist?rio da agricultura, Pecu?ria e Abastecimento (Mapa) acaba de divulgar a atualiza??o do estudo Fontes e Crescimento da agricultura Brasileira (Jos? Garcia Gasques, Eliana Teles Bastos e Mirian R. P. Bacchi - Mapa, julho de 2009), cujos resultados confirmam mais uma vez que o aumento da produtividade tem sido o principal fator impulsionando o crescimento da agricultura brasileira.

No per?odo de 1975 a 2008, a taxa de crescimento do produto agropecu?rio foi de 3,68% ao ano (a.a.), um desempenho robusto diante das dificuldades enfrentadas. Mais importante ? que no per?odo mais recente, 2000 a 2008, o crescimento foi ainda maior - 5,59% como m?dia anual, o que indica que o dinamismo do setor n?o arrefeceu.

Esse resultado ? mais vis?vel - e impressionante - se traduzido em quantidades de alguns produtos: em 1975 produziam-se, em 1 hectare, 10,8 quilos de carca?a de carne bovina; hoje s?o 38,6 quilos. Nesse mesmo per?odo de 33 anos, a ?rea de pastagem passou de 165 para 171 milh?es de hectares, uma expans?o insignificante - o que no caso ? altamente positivo - de apenas 3,6%; a produ??o de leite por hectare multiplicou-se por 3,6, e a de carne de aves saltou de apenas 372,7 mil toneladas, em 1975, para 10,18 milh?es, em 2008.

? preciso qualificar o crescimento, pois, mesmo desej?vel, uma taxa elevada n?o pode ser considerada virtuosa se est? baseada na depreda??o de recursos naturais e na superexplora??o da for?a de trabalho. Esse seria um crescimento esp?rio insustent?vel e cada vez mais inaceit?vel. N?o ? o caso da agricultura brasileira, cujo dinamismo e expans?o est?o baseados no uso cada vez mais eficiente dos recursos dispon?veis.

A Nota T?cnica do Mapa estima a Produtividade Total dos Fatores (PTF) - melhor indicador do uso dos recursos na agricultura -, as produtividades de cada fator e as fontes de crescimento. No per?odo 1975-2008 a PTF cresceu 3,68% ao ano, enquanto a taxa de crescimento dos insumos foi praticamente nula (0,01%). Conclui-se, portanto, que o crescimento da agricultura tem sido estimulado quase exclusivamente pelos acr?scimos de produtividade, dizem os autores. A utiliza??o de m?o de obra diminuiu, a ?rea cresceu apenas marginalmente (0,12% a.a.) e o capital foi o fator que mais cresceu (0,3% a.a.), o que significa que a agricultura vem se expandindo com menor uso de trabalho, com ?rea praticamente constante e com maior tend?ncia de aumento no uso de capital sob a forma de m?quinas e fertilizantes, o que ? positivo. Deve-se destacar que, na d?cada atual, a PTF cresceu 4,98%, mais do que a m?dia do per?odo todo, confirmando a import?ncia ainda maior da inova??o para o crescimento do setor.

Segundo o estudo, a Produtividade do Fator Trabalho (PFT) foi a de crescimento mais elevado no per?odo (4,09% a.a.), seguida da produtividade da terra (3,55% a.a.) e do capital (3,37% a.a.), donde se concluiu que o aumento da PTF est? ocorrendo especialmente pelo crescimento da produtividade do trabalho. No passado, esse resultado foi decorrente da mecaniza??o impulsionada por cr?ditos subsidiados, que provocou uma migra??o massiva e acelerada dos trabalhadores rurais, com todas as distor??es sociais associadas. Os cuidadosos autores fizeram a decomposi??o das fontes do crescimento da PFT e conclu?ram que a quase totalidade do aumento da produtividade do trabalho se deve ao aumento da produtividade da terra, e n?o ? mecaniza??o. A produtividade da terra, como se sabe, est? mais associada ?s inova??es de natureza biol?gica, no n?vel de qualifica??o do recurso humano, e ? gest?o.

A compara??o com outros pa?ses revela que o crescimento da PTF no Brasil foi o mais elevado (4,98%, entre 2000 e 2008). Na China o crescimento foi de 3,2% entre 2000 e 2006. Nos EUA, de 1,95% entre 1975 e 2006. Na Argentina, que conta com excepcionais recursos naturais, a PTF cresceu 1,84% entre 1960 e 2000.

Esses resultados contribuem para desmistificar a imagem de predadora que equivocadamente se atribui ? agricultura. Em 20 anos a produ??o de lavouras tempor?rias, permanentes e de carnes incorporou apenas 25 milh?es de hectares e o crescimento se baseou quase exclusivamente no uso mais eficiente dos recursos que se traduzem em ganhos de produtividade. Os problemas existem, s?o localizados e devem ser enfrentados com absoluta energia e seriedade pelos governos e produtores, que s?o os respons?veis pelo crescimento da PTF e pela preserva??o dos resultados.



*Ant?nio M?rcio Buainain ? professor do Instituto de Economia da Unicamp. E-mail: buainain@eco.unicamp.br

Fonte: O Estado de S. Paulo


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