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Entendi e Fechar
Energia para o campo
A expans?o da economia agr?cola ter? vis?veis impactos sobre a demanda de energia no setor rural brasileiro. Estudos do governo demonstram que atualmente no Pa?s s?o colhidos cerca de 144 milh?es de toneladas de gr?os em 47 milh?es de hectares. ? poss?vel adicionar a essa ?rea mais 91 milh?es de hectares, sem utilizar as reservas florestais protegidas por lei. Com investimentos em melhorias gen?ticas nas plantas e aplica??o de modernas t?cnicas de cultivo do solo, a produ??o brasileira poder? atingir cerca de 300 milh?es de toneladas em uma d?cada; se o prazo for de 20 anos, o n?mero pode chegar a 1 bilh?o de toneladas. Cabe aos atores envolvidos nesse processo ? esferas governamentais, Congresso e a sociedade civil organizada ? criar alternativas para que se possa ter gera??o de energia compat?vel com o incremento do PIB agr?cola. Esfor?os nesse sentido n?o faltam, passando pela amplia??o dos sistemas convencionais at? a busca de solu??es alternativas, que contemplam o uso de sistemas fotovoltaicos, e?licos e de biomassa.

O levantamento realizado pelo Censo 2000 do IBGE apontou a exist?ncia de 12 milh?es de brasileiros que ainda n?o dispunham de energia el?trica em suas resid?ncias. Desses, 84% encontravam-se no meio rural. A Regi?o Nordeste concentra as maiores car?ncias, em torno de 58%, seguida pela Regi?o Norte, com 25%. A Regi?o Sudeste responde por 8%, em quarto lugar est? a Regi?o Sul (5%) e finalmente o Centro-Oeste (4%).

Atualmente, no Brasil, a estrutura de acesso ? energia el?trica para moradores da ?rea rural est? sendo erguida por meio do Programa Luz para Todos. Este programa foi lan?ado no final de 2003 com a meta de atender 2 milh?es de fam?lias rurais ? cerca de 10 milh?es de pessoas ? at? este ano. Mas, durante a execu??o do programa, novas fam?lias sem energia el?trica em casa foram localizadas e o Luz para Todos foi prorrogado at? 2010. At? o momento, o programa j? iluminou lares de 1,6 milh?o de fam?lias, beneficiando mais de 8,2 milh?es de pessoas em todo o Pa?s. ?O programa possibilitou uma mudan?a de postura no Brasil, que sempre valorizou as cidades, principalmente as grandes cidades, em detrimento ao campo. O Luz para Todos vem mostrando que, com a chegadada energia el?trica, uma verdadeira revolu??o vem ocorrendo no meio rural, e com ela um novo est?mulo para a fixa??o do homem, levando de volta ? numa invers?o do fluxo migrat?rio ? pessoas que haviam abandonado seus s?tios em busca de outras oportunidades nos grandes centros?, relata a gerente de comunica??o do programa, Raquel Vilela Correa.

Diferentemente dos programas de eletrifica??o rural anteriores, o Luz para Todos leva a instala??o at? o domic?lio sem nenhum ?nus para as fam?lias. O programa ? coordenado pelo Minist?rio de Minas e Energia, operacionalizado pela Eletrobr?s e executado pelas concession?rias de energia el?trica e cooperativas de eletrifica??o rural. Para o atendimento da meta inicial de 2 milh?es de fam?lias, o investimento previsto ? de R$ 12,7 bilh?es, dos quais R$ 9,1 bilh?es s?o recursos do governo federal. O restante ? partilhado entre os governos estaduais e as empresas de energia el?trica.


Meios alternativos

O Minist?rio de Energia avalia a utiliza??o de fontes alternativas, como pequenas centrais hidrel?tricas, queima de biomassa e sistemas fotovoltaicos e e?licos

O atendimento pelo Luz para Todos foi realizado at? o momento por extens?o de rede, por?m estudos j? est?o sendo realizados para que as localidades remotas, onde o atendimento convencional ? inviabilizado por quest?es ambientais e econ?micas, tamb?m recebam o benef?cio da energia el?trica. ?O Minist?rio de Minas e Energia est? avaliando a utiliza??o de fontes alternativas de energia, dentre elas as pequenas centrais hidrel?tricas (PCHs), queima de biomassa, sistemas fotovoltaicos e e?licos?, informa Raquel. Ela diz que no ?mbito do Programa Luz para Todos os exemplos ainda s?o pontuais, mas um case de sucesso ? a instala??o de sistemas fotovoltaicos no Estado da Bahia, por iniciativa da concession?ria Coelba.

De acordo com o gerente do departamento de obras especiais da Coelba, Hugo Machado, j? foram ligados 274 mil domic?lios pelo Programa Luz para Todos na Bahia, o que beneficia cerca de 1,3 milh?o de pessoas. At? o momento, foram 881 projetos, atendendo 11.587 domic?lios com sistemas que usam energia solar. ?O atendimento dos domic?lios na zona rural com pain?is fotovoltaicos ocorre quando a dist?ncia entre a rede el?trica ? grande, tornando invi?vel o atendimento com rede convencional?, explica. Existem atualmente cerca de 300 mil domic?lios na zona rural da Bahia sem fornecimento regular de energia el?trica. ?A aplica??o ? limitada ? quantidade de energia dispon?vel pelo sistema?, afirma Machado.

Energia solar ? uma das melhores op??es quando se trata de satisfazer as necessidades de propriedades de dif?cil acesso

Al?m da Bahia, Pernambuco tamb?m tem estudos para o uso de energia solar para agricultores. Para o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Heitor Scalambrini Costa, existem na institui??o trabalhos incipientes para projetos de abastecimento dom?stico no campo e tamb?m para bombeamento de ?gua. Entre as vantagens do estado est? o fato de n?o haver grandes latif?ndios agr?colas. As pequenas propriedades t?m consumo baixo, na faixa de 80 quilowatts-hora por m?s. Cerca de 18,5 mil propriedades rurais constituem um mercado potencial para a instala??o de sistemas fotovoltaicos residenciais.

?Somos um dos cinco estados mais bem eletrificados do Brasil ? cerca de 95% das pequenas propriedades rurais t?m acesso ? energia el?trica. As de mais dif?cil acesso demandariam o uso de energia alternativa, tendo em vista que levar a rede de distribui??o ? muito caro?, diz Costa. Segundo ele, os sistemas descentralizados de gera??o de energia el?trica, via energia solar, representam uma das melhores op??es quando se trata de satisfazer as necessidades de popula??es dispersas, de dif?cil acesso, de baixa renda familiar e baixo consumo energ?tico. O governo federal, no entanto, n?o d? incentivos para o uso de energia alternativa, seja por linhas de financiamento, seja por investimento a fundo perdido.





Aplica??es criativas

Mas, com um pouco de criatividade, ? poss?vel obter outras aplica??es da energia do sol. No Estado do Par?, por exemplo, um grupo de pesquisadores da Embrapa, liderados pelo cientista Osmar Aguiar, desenvolveu um secador solar de baixo custo, a partir de uma demanda de agricultores da regi?o que sofrem com os problemas de secagem da safra de pimenta-do-reino e cacau.

No meio da Floresta Amaz?nica a temperatura ? alta e chove muito. Desidratar o material para armazenar e transportar as regi?es de consumo ? uma das tarefas essenciais desse mercado. Atualmente, apenas 20% do cacau e da pimenta paraense conseguem mercado para exporta??o. A secagem tamb?m evita que o produto seja comido por animais silvestres e contaminado com terra. Mas, quando chove, os agricultores n?o t?m tempo h?bil para cobrir todo o material com um len?ol, atividade que tamb?m envolve muita m?o-de-obra.

Isso sem levar em conta que ? necess?ria muita energia para realizar a secagem por meio tradicional. O uso do secador solar intensifica a qualidade do alimento, protege da chuva, do bolor e mofo. O processo funciona da seguinte maneira: basicamente ? um silo com chamin?, onde a temperatura pode chegar a 60?C. Usando o princ?pio do efeito estufa, permite retirar o ar quente e a umidade, atrav?s de um processo chamado convec??o natural.

Al?m disso, h? vantagens econ?micas. ?Enquanto um secador convencional custa em m?dia de R$ 40 mil a R$ 50 mil, o secador solar pode chegar a R$ 10 mil?, comenta o professor Osmar Aguiar. O custo de desenvolvimento do produto foi de R$ 3 mil, pois ? feito de madeira e vidro. Novos estudos buscam substituir o vidro pelo policarbonato para facilitar o transporte e montagem do secador solar. Outra id?ia ? adicionar exaustores e?licos de alum?nio e a?o ao projeto, para tornar o processo ainda mais eficiente.

Na cidade de Moju (PA), o sistema ? utilizado para a secagem da fibra de coco. Enquanto nos moldes tradicionais eram necess?rios at? seis dias para terminar o processo, com o uso do secador solar ? poss?vel fazer duas desidrata??es por dia. Outras culturas tamb?m podem utilizar o produto, como a folha de nim ? vegetal origin?rio da ?ndia utilizado na produ??o de f?rmacos e no controle de pragas em culturas org?nicas ? e a fibra de curau? e at? madeira.

Outra aplica??o da energia solar ? na irriga??o, cujo consumo de energia el?trica ? respons?vel por cerca de 30% dos custos da produ??o de frut?feras. O professor Fl?vio Pimenta de Figueiredo, do N?cleo de Ci?ncias Agr?rias (NCA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolve um tecnologia in?dita de acionamento de sistemas de irriga??o utilizando a for?a do sol. O projeto, ainda em fase de testes, recebeu incentivos da Funda??o de Amparo ? Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Figueiredo comenta que a regi?o semi-?rida de Minas Gerais tem uma grande intensidade de radia??o solar, com cerca de 10 horas de sol por dia. E para o aproveitamento dessa energia limpa foi desenvolvido um projeto piloto para irrigar pequenas ?reas utilizando a energia do sol. ?Verificamos que o custo inicial ainda ? alto, muitas vezes invi?vel para o pequeno e m?dio agricultor. Mas ? preciso estar atento ? vida ?til dos equipamentos, que pode chegar a at? 25 anos. A partir do momento que tivermos o projeto piloto, vamos adequ?-lo e inserir a agricultura familiar e pequenos produtos na lavoura irrigada?, afirma o pesquisador.

Todos os equipamentos ? como placas de sil?cio, baterias, conversores, bombas hidr?ulicas ? foram comprados a pre?o de mercado. O funcionamento ? simples: o sol aquece a placa de sil?cio, que fornece energia para uma bomba hidr?ulica fazer a irriga??o. O investimento do empreendedor rural no sistema pode chegar a R$ 20 mil por uma ?rea de 10 mil metros quadrados. Segundo Figueiredo, ? poss?vel recuperar o investimento em at? dois anos de uso. Mesmo assim, o grupo est? em busca de uma solu??o para baratear os custos. ?Ao inv?s de uma tubula??o de PVC, vamos usar bambu?, conta.

As culturas que mais se beneficiariam com o sistema fotovoltaico de irriga??o seriam os hortifrutigranjeiros, pois t?m alta taxa de produtividade por hectare. No futuro, os pesquisadores de Minas Gerais tamb?m querem aproveitar o sistema para desenvolver programas de manejo de irriga??o para uso racional da ?gua. ?? aplicar a quantidade certa de ?gua, no momento certo, levando em conta os fatores fitossanit?rios da cultura. Mas ainda n?o temos previs?o de quando esse produto pode entrar no mercado?, explica.



Cadeia produtiva

Woelz e o sistema de aquecimento solar de baixo custo para banho, que pode ser constru?do com R$ 350

O uso de energia sustent?vel no campo tamb?m aquece a economia de setores voltados para a produ??o de equipamentos, como pain?is fotovoltaicos e sistemas de tratamento de ?gua. Para Jos? Luiz Oliveira de Jesus, diretor da Alpina, empresa que vende produtos de energia solar, a preserva??o da ?gua, energia e meio ambiente ? o seu neg?cio. Atualmente a maior parte da capacidade produtiva est? voltada para os mercados residenciais, como aquecimento solar de piscinas, mas o executivo acredita que a demanda no campo deve ser grande. ?Para quem n?o tem energia el?trica, o sol ? a melhor alternativa para aquecer a ?gua.? A empresa cresce em torno de 25% por ano e tem capacidade ociosa para dobrar de tamanho a m?dio prazo. Hoje a companhia fabrica cerca de 5 mil coletores solares por m?s.

J? o engenheiro el?trico Joselias Cabral de Oliveira, do Centro de Refer?ncia Solar no Tri?ngulo Mineiro, acredita que existem bons produtos no mercado, mas falta m?o-de-obra capacitada para fazer a instala??o de maneira adequada. Oliveira, que j? instalou cerca de 60 sistemas de aquecimento de ?gua em zonas rurais, diz que ? necess?rio levar em conta fatores como a inclina??o do coletor solar, ?reas de sombras e a efici?ncia energ?tica de cada regi?o. ?A instala??o determina 90% do sucesso da aplica??o?, afirma. Ele conta que ? poss?vel fazer sistemas de aquecimento solar para o banho que custam at? R$ 350.

O coordenador do projeto do Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC), Augustin T. Woelz, explica que o funcionamento do sistema ? simples: ? necess?ria uma placa de cor preta que vai esquentar um reservat?rio, conectado ? caixa d??gua. ?Isso permite que a ?gua seja esquentada durante o dia e que ? noite o usu?rio tenha um banho quente?, comenta. Segundo Oliveira, na regi?o do Tri?ngulo Mineiro, especialmente no munic?pio de Monte Alegre de Minas, a cerca de 800 quil?metros de Belo Horizonte, muitas fazendas utilizam sistemas solares para aplica??es no setor leiteiro.

Outra empresa que pretende aproveitar o mercado de energia alternativa ? a Enersud, fabricante de equipamentos e?licos. Atualmente a companhia fatura em torno de R$ 600 mil, mas prev? um aumento de 50% em rela??o a 2007. Os geradores e?licos da companhia s?o de pequeno porte, com capacidade de 200 watts at? 6 quilowatts, destinados a manter acesa uma ilumina??o, deixar ligados eletrodom?sticos e geladeiras.

Geradores e?licos de pequeno porte da Enersud fornecem energia suficiente para ilumina??o e uso de eletrodom?sticos e geladeira

A companhia tem sete funcion?rios e fabrica todos os insumos destinados ao equipamento. Investe em torno de 10% da receita em pesquisa e desenvolvimento, e a meta ? construir geradores ainda maiores. Os investimentos em inova??o permitiram ? empresa desenvolver um sistema de seguran?a que a diferencia dos concorrentes internacionais. Quando bate um vento forte, de mais de 100 quil?metros por hora, os geradores da companhia mudam a angula??o da p? para diminuir a rota??o do motor e evitar danos ao equipamento.

Um dos projetos da companhia ? investir numa nova gera??o de cataventos para facilitar o bombeamento de ?gua no campo. ?Temos um esfor?o maior na dire??o do agroneg?cio. Esse tipo de equipamento ? dif?cil de ser suprido por energia solar e os aerogeradores s?o uma alternativa para substituir motores a diesel nas fazendas. A id?ia ? entrar nesse mercado atingindo um novo patamar?, argumenta o s?cio-diretor Bruno Bressan. Hoje o pre?o dos produtos da empresa est? na faixa de R$ 5 mil a R$ 30 mil.

Ele acredita que o uso de energia limpa vai se difundir mais se o governo permitir que se fa?a a conex?o de rede, ou seja, que o usu?rio possa fornecer energia para a rede el?trica. ?? um conceito bem difundido l? fora, mas que n?o est? regulamentado no Brasil. Com isso, empreendedores, rurais ou n?o, teriam um est?mulo a mais para diminuir custos de energia e eventualmente ganhar uma renda extra?, afirma Bressan.





Sobras valiosas

A grande demanda pelo ?lcool e pelo biodiesel no mercado externo incentiva a produ??o e faz com que o setor se transforme numa cadeia produtiva, proporcionando o aproveitamento do insumo em todas as partes da produ??o. ? o caso da Cooperativa Agroindustrial do Noroeste Paranaense (Copagra), empresa que atua no mercado de fecularia e de ?lcool e que aproveita o baga?o da cana desidratado ? insumo que anteriormente era utilizado na aduba??o do solo ou jogado fora ? para economizar na compra de madeira para os fornos da empresa. Mais, a empresa acredita que o novo insumo possa ser usado para a co-gera??o de energia el?trica, reduzindo ainda mais os custos com energia.

Segundo o superintendente da Copagra, Ramon Orlando Villareal, as fecularias do noroeste do Paran? est?o migrando para o Mato Grosso do Sul, onde conseguem ter mais competitividade ante as culturas mais lucrativas, como a soja. Estudos internos da companhia, por?m, demonstraram que uma alternativa ? mudan?a de endere?o, por reduzir o custo de produ??o, era substituir o cavaco de lenha pelo baga?o da cana. As vantagens s?o as mais diversas, incluindo fatores econ?micos, ambientais e at? jur?dicos. Existe falta de lenha no mercado, e para utilizar a madeira como combust?vel ? preciso fazer um projeto ambiental para plantar eucalipto e ter certificados expedidos pelo Ibama. Se o empreendedor optar por comprar lenha n?o certificada, pode levar multa, o que vem acontecendo na regi?o paranaense.

Estudos da Empresa Paranaense de Assist?ncia T?cnica e Extens?o Rural (Emater/PR) demonstram que 264 ind?strias consomem lenha na regi?o noroeste, que engloba 29 munic?pios, sendo que 170 dessas ind?strias utilizam a madeira como mat?ria-prima. Estima-se que para atender ? demanda atual da regi?o seriam necess?rios 30 mil hectares de plantio de ?rvores. No entanto, a regi?o tem apenas 14 mil hectares plantados, sendo que o eucalipto representa 98% da esp?cie utilizada para lenha.

Villareal tem um projeto para fazer briquete de baga?o de cana. O insumo sai do processo com 50% de umidade e a empresa est? utilizando uma tecnologia alem? para reduzir esse n?mero para 20%. No processo, ? feita a ruptura da fibra de celulose e o baga?o de cana tem que ser prensado em at? 50 mil?metros para atingir um poder calor?fico superior. Uma das alternativas para usar o briquete seria abastecer o mercado da ind?stria de cer?mica. Outra id?ia ? fazer co-gera??o de energia com biog?s. ?A cana vai se tornar um complexo com muitos subprodutos. Temos tecnologia para essa finalidade?, afirma o executivo da Copagra.

Uma lenha pode chegar a ter o dobro ou triplo de poder calor?fico do baga?o solto, mas a madeira exige um processo de prepara??o que ? custoso. Quando se fala em briquete, o poder calor?fico do baga?o ? igual ao da lenha. O eucalipto custa em m?dia R$ 60 por tonelada. O pre?o do baga?o de cana est? na faixa de R$ 15 a tonelada no noroeste do Paran?. Em S?o Paulo pode chegar a at? R$ 70.

Hoje todos os fornos da fecularia s?o abastecidos por meio de baga?o de cana. A empresa tem capacidade para produzir at? 50 mil toneladas de amido de mandioca por ano. Em 2008, fruto da sazonalidade, vai atingir uma produ??o de 20 mil toneladas, mas Villareal espera um aumento da capacidade produtiva em dezembro e janeiro. Entre os subprodutos da f?cula est?o o papel e o setor t?xtil, al?m da ind?stria aliment?cia, que pode usar o insumo para produ??o de massas.





Biog?s

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em S?o Paulo, tamb?m tem estudos para gera??o de biog?s. Segundo o professor Caio Glauco Sanchez, um deles visa transformar capim-elefante em energia. O insumo normalmente ? utilizado para a alimenta??o animal, quando colhido com cerca de 40 cent?metros de comprimento. J? para utiliz?-lo na gera??o de energia, ? necess?ria uma altura dez vezes maior e um di?metro de 4 cent?metros. Depois de colhido, o capim seca ao sol. ?Ele fica muito parecido com a cana-de-a??car e tem muita energia para escoar?, afirma o pesquisador.

Ap?s a secagem do produto, ele passa por um gaseificador que eleva a temperatura at? 900?C e ocorre a libera??o do g?s. Parte dessa biomassa ? utilizada para abastecer de energia o reator. ?Ele ? um ?timo combust?vel, que pode ter at? 5 megajoules por metro c?bico. ? pouco se compararmos ao g?s natural, que tem 40 megajoules por metro c?bico, mas o suficiente para fazer funcionar um motor de combust?o interna, que ? acoplado a um gerador de energia el?trica encontrado facilmente no mercado?, pondera Sanchez.

O custo de investimento, sem considerar os gastos de engenharia e projeto, fica na ordem de R$ 1 milh?o, o suficiente para gerar cerca de 1 megawatt de pot?ncia instalada. ?Com esse consumo ? poss?vel abastecer de energia at? 300 fam?lias?, diz o professor da Unicamp. O projeto ainda est? em fase de prot?tipo de laborat?rio e foi desenvolvido quando o custo do petr?leo e da energia el?trica n?o era t?o alto quanto atualmente.

?Ele tinha o custo m?dio da tarifa cobrada pelas concession?rias de energia. Precisamos apenas de investidores dispostos a investir na id?ia.? Por fim, reclama da falta de incentivos para a gaseifica??o: as linhas de fomento tendem a priorizar o uso do biodiesel. Por outro lado, as concession?rias de energia el?trica n?o t?m interesse nos agricultores de pequeno porte. Ele acredita que o processo possa ser usado n?o somente com capim-elefante, mas tamb?m com outros res?duos agr?colas, como casca de arroz e talos de algod?o.





For?a da uni?o

Para a Organiza??o das Cooperativas Brasileiras (OCB), as fontes de energia alternativas, como biomassa, e?lica ou solar, j? s?o uma realidade, tendo em vista o interesse de entidades organizativas do campo no desenvolvimento sustent?vel. O trabalho de inser??o das cooperativas no processo de produ??o da agroenergia e no mercado de carbono visa justamente ao suprimento das cooperativas de energia e combust?veis pr?prios com responsabilidades social, econ?mica e ambiental, promovendo benef?cios aos associados, fam?lias, empregados e ? comunidade onde as cooperativas est?o instaladas.

O t?cnico da ger?ncia de Mercados da OCB, Gustavo Prado, cita como exemplo os trabalhos de co-gera??o de energia a partir do baga?o da cana-de-a??car realizados pela Organiza??o das Cooperativas do Estado do Paran? (Ocepar) e Organiza??o das Cooperativas do Estado de S?o Paulo (Ocesp); a gera??o de energia termoel?trica, a partir da decomposi??o de dejetos animais (biog?s), pela Cooperio e Copercampos, de Santa Catarina; a gera??o por pequenas centrais hidrel?tricas realizada pela Eletrorural, al?m da produ??o de combust?veis renov?veis, pela Coapar, de Mato Grosso.

Prado ressalta ainda que a OCB iniciou um trabalho em conjunto com a Itaipu Binacional de fomento ao desenvolvimento de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento L?quido (MDL) e gera??o de energia em cooperativas localizadas na ?rea de influ?ncia da usina. ?? um casamento entre as estrat?gias da OCB, para o desenvolvimento sustent?vel do sistema cooperativista, e da Itaipu, para o desenvolvimento sustent?vel do setor de energia el?trica, destacando sua Plataforma de Energias Renov?veis, rec?m-inaugurada?, diz o executivo. A empresa se comprometeu a prestar apoio t?cnico e institucional, bem como fornecer informa??es estrat?gicas necess?rias para o mapeamento de ?reas com passivos ambientais, com presen?a de cooperativas e, por outro lado, com potencial de implementa??o de projetos dessa natureza.





Luz para Todos

Meta inicial: 2 milh?es de fam?lias rurais (10 milh?es de pessoas)

Liga??es j? efetuadas: 1,6 milh?o de fam?lias (8,2 milh?es de pessoas)

Investimento: R$ 12,7 bilh?es (9,1 bilh?es do governo federal)

Fonte: MME

Luz para Todos na Bahia

P?blico j? atendido: 274 mil domic?lios (1,3 milh?o de pessoas)

Atendimento por sistema fotovoltaico: 11.587 domic?lios

Fonte: Coelba

No escuro

- 12 milh?es de brasileiros n?o disp?em de energia el?trica em suas resid?ncias

- 10 milh?es dos brasileiros que n?o disp?em de ener?gia encontram-se no meio rural

Car?ncia por Regi?o

58% ? Nordeste
25% ? Norte
8% ? Sudeste
5% ? Sul
4% ? Centro-Oeste



Conte?do publicado no Empreendedor Rural

Fone: Empreendedor

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